QUEM FOI...
Poucos escritores conseguiram transformar o caos e as mazelas do cotidiano de vidas às margens da sociedade americana pós-Segunda Guerra em arte como Bukowski. Com uma escrita direta, crua e cheia de ironia ele fez da solidão, da pobreza e do fundo do poço onde ele passou a maior parte da vida matéria-prima para criar histórias doloridas, chocantes e vez ou outra também engraçadas. Bukowski fez de seus poemas metralhadora que fazia questão de não poupar ninguém, principalmente o poeta.
Heinrich Karl Bukowski or Henry Charles Bukowski Jr. (1920–1994) nasceu na Alemanha, cresceu em Los Angeles e teve uma infância difícil marcada pela rigidez violenta de um pai abusivo e pela sensação de não pertencer à lugar nenhum. Antes de viver da escrita, trabalhou nos correios, armazéns e fábricas — experiências que mais tarde se tornariam pano de fundo para seus livros.
Sua obra fala sobre o homem comum: o trabalhador cansado, o bêbado do bar, o sonhador fracassado. Com humor e brutal sinceridade, Bukowski escreveu sobre a vida sem filtros, revelando o lado desumano do caos ao redor de todos que o mundo faz questão de varrer para debaixo do tapete. Entre seus livros mais conhecidos estão Cartas na Rua (Post Office), Factotum e Mulheres (Women), todos protagonizados por Henry Chinaski, seu alter ego literário. Mas foi nos poemas que encontrou uma voz estrondosa sem medo da opinião alheia e que continua marcando gerações de leitores sedentos por verdade doa a quem doer com poemas como O Pássaro Azul (Blue Bird) e Dinosauria, We entre outros.
O reconhecimento como escritor que ele perseguiu toda a vida só chegou quando ele já passava dos 50 anos. Até lá, viveu em pensões baratas, escrevendo à noite e bebendo durante o dia. Quando finalmente pôde se dedicar apenas à literatura, escreveu com uma urgência rara — como quem sabe que o tempo é curto.
câncermeia hora depois do nadasozinhona torre em ruínas
de mim mesmo
cambaleando nestaa mais escurahoraa última aposta foiperdidaenquanto euestendo a mãoparao silênciodos ossos
Bukowski foi diagnosticado com leucemia por volta de 1993 e morreu pouco tempo depois em 9 de março de 1994, em San Pedro, Califórnia aos 73 anos após anos de consumo intenso de álcool e cigarro. Mas nessa época já havia parado de beber e levava uma vida mais tranquila ao lado da esposa, Linda Lee Beighle. Apesar da doença, continuou escrevendo até pouco antes de morrer e seu último romance, Pulp, foi publicado apenas alguns meses depois de sua morte.
A inscrição seu no túmulo, “Don’t try” (“Não tente”), tem um significado centrado na autenticidade e no processo criativo, aconselhando a evitar o esforço forçado e a busca por validação externa. Ela significa deixar que seu verdadeiro eu e sua arte fluam naturalmente, sem compulsão ou necessidade de impressionar. A ideia é que, se você precisa “tentar” querer algo, provavelmente não o deseja de verdade. A frase é, portanto, um incentivo à autenticidade, e não um chamado para desistir.
~ Charles Bukowski






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